domingo, 16 de outubro de 2011

ROSÁRIO, INSTRUMENTO DE SALVAÇÃO

O PODER DO SANTO ROSÁRIO

Luís Maria Grignion de Montfort (1673 –1716), grande apóstolo de Maria Santíssima, escreveu:
“A Santíssima Virgem revelou ao Bem-aventurado Alain de la Roche que, depois do Santo Sacrifício da Missa, que é o primeiro e mais vivo memorial da Paixão de Jesus Cristo, não havia devoção mais excelente e meritória que o Rosário, que é como que um segundo memorial e representação da vida e da Paixão de Jesus Cristo”.
Assim sendo, depois da Santa Missa o Santo Rosário é a mais poderosa arma de eficácia comprovada contra Satanás e seus sequazes, que procuram perder as almas.
É um meio de salvação dos mais poderosos e eficazes que nos foi oferecido pela Divina Providência.
O Rosário soluciona inúmeros problemas, assegura a salvação eterna e antecipa a implantação no mundo do Reino do Imaculado Coração de Maria.
O Santo Rosário é considerado a oração perfeita porque junto com ele está a majestosa história de nossa salvação. Com o rosário, meditamos os mistérios de gozo, de dor e de glória de Jesus e Maria. É uma oração simples, humilde como Maria. É uma oração que podemos fazer com ela, a Mãe de Deus. Com o Ave Maria a convidamos a rezar por nós. A Virgem sempre nos dá o que pedimos. Ela une sua oração à nossa. Portanto, esta é mais poderosa, porque Maria recebe o que ela pede, Jesus nunca diz não ao que Sua Mãe lhe pede. Em cada uma de suas Aparições, nos convida a rezar o Rosário como uma arma poderosa contra o maligno, para nos trazer a verdadeira paz.

Comprovação histórica de seu poder

Em 1945 os americanos lançaram a bomba atômica sobre duas cidades japonesas: Nagasaki e Hiroshima. Nesta última, num raio de um quilômetro e meio do centro da explosão, ficou tudo arrasado e todos os habitantes morreram carbonizados. A casa paroquial, com oito moradores jesuítas, que distava apenas 800 metros da explosão, ficou de pé e os seus moradores ficaram ilesos.
O Pe. Hubert Shiffer era um deles e tinha então 30 anos. Depois viveu mais 33 completamente com saúde e nenhum dos moradores da casa sofreu as conseqüências da radioatividade. Ele contou a sua experiência no Congresso Eucarístico da Filadélfia (EUA) em 1976. Então todos os membros daquela comunidade ainda viviam.
O Pe. Shiffer foi examinado e interrogado por mais de 200 cientistas e não puderam explicar como, no meio de milhares de mortos, ele e seus companheiros tinham podido sobreviver. O Pe. Shiffer afirmou que centenas de cientistas e pesquisadores por vários anos continuaram a investigar por que a casa paroquial não foi atingida quando tudo ao redor ficou arrasado. E o padre explicou, dizendo: "Naquela casa se rezava todos os dias, em comum, o Santo Rosário. Por isso, foi protegida por Nossa Senhora".

Nossa Senhora insiste na Oração do Rosário

Nossa Senhora, a partir principalmente de Lourdes, dá uma ênfase toda especial à oração do Rosário. Em Lourdes aparece sempre com o ROSÁRIO. Em outras aparições, pede sempre que se reze o Rosário. Em Fátima, em cada uma das aparições, ela insiste: "Rezem o ROSÁRIO DIARIAMENTE".
Em Medjugorje, desde o início, pede que se reze o Rosário. Em 14/08/84, ela diz: "Eu gostaria que cada dia se rezasse pelo menos o Rosário". Em 27/09/84: "Peço às famílias da paróquia que rezem o rosário em família".
No dia 25/06/85 a vidente Marija pergunta a Nossa Senhora o que deseja dizer aos sacerdotes. Ela responde: "Caros filhos, eu os exorto a convidar todos à Oração do Rosário. Com o rosário, vencerão todas as dificuldades que Satanás, neste momento, quer colocar no caminho da Igreja Católica. Vocês todos, Sacerdotes, Rezem o Rosário. Consagrem tempo ao Rosário".
O Papa, no 80º aniversário das aparições em Fátima, disse: "Caríssimos irmãos, rezai o Rosário todos os dias! Peço vivamente aos pastores para rezar o Rosário nas suas comunidades cristãs. Ajudai o povo de Deus a retornar à oração cotidiana do Rosário".
Origem do Santo Rosário
A oração do Santo Rosário surge aproximadamente no ano 800 à sombra dos mosteiros, como Saltério dos leigos. Dado que os monges rezavam os salmos (150), os leigos, que em sua maioria não sabiam ler, aprenderam a rezar 150 Pai Nossos. Com o passar do tempo, se formaram outros três saltérios com 150 Ave Marias, 150 louvores em honra a Jesus e 150 louvores em honra a Maria.
Posteriormente fez-se uma combinação dos quatro saltérios, dividindo as 150 Ave Marias em 15 dezenas e colocando um Pai nosso no início de cada uma delas. Em 1500 ficou estabelecido, para cada dezena a meditação de um episódio da vida de Jesus ou Maria, e assim surgiu o Rosário de quinze mistérios. Em 2002, o Papa João Paulo II,  pela Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, acrescentou ao Rosário os Mistérios Luminosos, que recordam a vida pública de Jesus.

Coroa de Rosas para a Rainha

A palavra Rosário vem do latim Rosarium, que significa 'Coroa de Rosas'.
Nossa Senhora é a Rosa Mística (como é invocada na Ladainha Lauretana), e em sua homenagem o nome Rosário, que vem de Rosas. A Virgem Maria revelou a muitas pessoas que cada vez que rezam uma Ave Maria lhe é entregue uma Rosa espiritual, e por cada Rosário completo, lhe é entregue uma Coroa de Rosas.
A rosa é a rainha das flores, Rosa das rosas, como é a Rainha das rainhas. sendo assim o Rosário a Rosa de todas as devoções e, portanto, a mais importante.

Os Papas recomendam o Rosário

Pio IX: “Assim como São Domingos se valeu do Rosário como de uma espada para destruir a nefanda heresia dos albigenses, assim também hoje os fiéis exercitando o uso desta arma — que é a reza cotidiana do Rosário — facilmente conseguirão destruir os monstruosos erros e impiedades que por todas as partes se levantam” (Encíclica Egregiis, de 3 de dezembro de 1856).

Leão XIII: “Queira Deus — é este um ardente desejo Nosso — que esta prática de piedade retome em toda parte o seu antigo lugar de honra! Nas cidades e aldeias, nas famílias e nos locais de trabalho, entre as elites e os humildes, seja o Rosário amado e venerado como insigne distintivo da profissão cristã e o auxílio mais eficaz para nos propiciar a divina clemência” (Encíclica Jucunda semper, de 8 de setembro de 1894).

São Pio X: “O Rosário é a mais bela e a mais preciosa de todas as orações à Medianeira de todas as graças: é a prece que mais toca o coração da Mãe de Deus. Rezai-o todos os dias”.

Bento XV: “A Igreja, sobretudo por meio do Rosário, sempre encontrou nEla a Mãe da graça e a Mãe da misericórdia, precisamente conforme tem o costume de saudá-La. Por isso, os Romanos Pontífices jamais deixaram passar ocasião alguma, até o presente, de exaltar com os maiores louvores o Rosário mariano, e de enriquecê-lo com indulgências apostólicas”.

Pio XI: “Uma arma poderosíssima para pôr em fuga os demônios .... Ademais, o Rosário de Maria é de grande valor não só para derrotar os que odeiam a Deus e os inimigos da Religião, como também estimula, alimenta e atrai para as nossas almas as virtudes evangélicas” (Encíclica Ingravescentibus malis, de 29 de setembro de 1937).

Pio XII: “Será vão o esforço de remediar a situação decadente da sociedade civil, se a família, princípio e base de toda a sociedade humana, não se ajustar diligentemente à lei do Evangelho. E nós afirmamos que, para desempenho cabal deste árduo dever, é sobretudo conveniente o costume do Rosário em família” (Encíclica Ingruentium malorum, de 15 de setembro de 1951).

João XXIII: “Como exercício de devoção cristã, entre os fiéis de rito latino, .... o Rosário ocupa o primeiro lugar depois da Santa Missa e do Breviário, para os eclesiásticos, e da participação nos Sacramentos, para os leigos” (Carta Apostólica Il religioso convegno, de 19 de setembro de 1961).

Paulo VI: “Não deixeis de inculcar com toda a diligência e insistência o Rosário marial, forma de oração tão grata à Virgem Mãe de Deus e tão freqüentemente recomendada pelos Romanos Pontífices, pela qual se proporciona aos fiéis o mais excelente meio de cumprir de modo suave e eficaz o preceito do Divino Mestre: ‘Pedi e recebereis, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á’ (Mt. 7, 7)” (Encíclica Mense maio, de 19 de abril de 1965).

João Paulo II: “O Rosário, lentamente recitado e meditado — em família, em comunidade, pessoalmente — vos fará penetrar pouco a pouco nos sentimentos de Jesus Cristo e de sua Mãe, evocando todos os acontecimentos que são a chave de nossa salvação” (Alocução de 6 de maio de 1980).

Benefícios e graças advindas da prática da oração do Santo Rosário:

- Eleva-nos insensivelmente ao perfeito conhecimento de Jesus Cristo;

- Purifica nossas almas do pecado;

- Permite-nos vencer a nossos inimigos;

- Facilita-nos a prática das virtudes;

- Abrasa-nos no amor de Jesus Cristo;

- Habilita-nos a pagar nossas dívidas para com Deus e os homens;

- Por fim, obtém-nos de Deus toda espécie de graças.
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EXORTAÇÃO A TODA CRIATURA HUMANA

       Ó tu quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz desta estrela.
       Se o vento das tentações se levanta, se o escolho das tribulações se interpõe em teu caminho, olha a estrela, invoca Maria.
       Se és balançado pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela, invoca Maria.
       Se a cólera, a avareza, os desejos impuros sacodem a frágil embarcação de tua alma, levanta os olhos para Maria.
       Se, perturbado pela lembrança da enormidade de teus crimes, confuso à vista das torpezas de tua consciência, aterrorizado pelo medo do Juízo, começas a te deixar arrastar pelo turbilhão da tristeza, a despenhar no abismo do desespero, pensa em Maria.
       Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria.
       Que seu nome nunca se afaste dos teus lábios, jamais abandone teu coração; e para alcançar o socorroda intercessão dEla, não negligencies os exemplos de sua vida.
       Seguindo-A, não te transviarás; rezando a Ela, não desesperarás; pensando nEla, evitarás todo erro.
       Se Ela te sustenta, não cairás; se Ela te protege, nada terás a temer; se Ela te conduz, não te cansarás; se Ela te é favorável, alcançarás o fim.
       E assim verificarás, por tua própria experiência com quando quanta razão foi dito: "E o nome da Virgem era Maria".

(São Bernardo - Super Missus, 2ª homilia/17)  

LADAINHA DE JESUS, VÍTIMA E SACERDOTE Congregação para o Clero - 2009/08/02

Senhor, tende piedade de nós / Senhor, tende piedade de nós
Cristo, tende piedade de nós / Cristo, tende piedade de nós
Senhor, tende piedade de nós / Senhor, tende piedade de nós
Cristo, ouvi-nos / Cristo, ouvi-nos
Cristo, atendei-nos / Cristo, atendei-nos
Deus, Pai celestial, tende piedade de nós

Deus Filho, Redentor do mundo,
Espírito Santo que sois Deus,
Santíssima Trindade que sois um só Deus,
Jesus, Sacerdote e Vítima, tende piedade de nós
Jesus, Sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedec,
Jesus, Sacerdote a quem o Pai enviou a evangelizar os pobres,
Jesus, Sacerdote que na última Ceia instituístes o memorial do Vosso sacrifício,
Jesus, Sacerdote sempre vivo para interceder por nós,
Jesus, Pontífice a quem o Pai ungiu com a força do Espírito Santo,
Jesus, Pontífice tomado de entre os homens,
Jesus, Pontífice constituído em favor dos homens,
Jesus, Pontífice do nosso testemunho,
Jesus, Pontífice de maior glória que Moisés,
Jesus, Pontífice do autêntico Templo,
Jesus, Pontífice dos bens futuros,
Jesus, Pontífice inocente, imaculado e santo,
Jesus, Pontífice misericordioso e fiel,
Jesus, Pontífice consumido pelo zelo do Pai e das almas,
Jesus, Pontífice perfeito para sempre,
Jesus, Pontífice que entrastes nos céus derramando o Vosso próprio sangue,
Jesus, Pontífice que iniciaste um novo caminho em nosso favor,
Jesus, Pontífice que nos amastes e nos purificastes do pecado pelo Vosso sangue,
Jesus, Pontífice que Vos entregastes a Deus como oblação e vítima,
Jesus, Vítima dos Homens,
Jesus, Vítima santa e imaculada,
Jesus, Vítima indulgente,
Jesus, Vítima pacífica,
Jesus, Vítima de propiciação e digna de louvor,
Jesus, Vitima da reconciliação e da paz,
Jesus, Vítima na qual temos a fé e o acesso para Deus,
Jesus, Vítima que vive pelos séculos dos séculos,
Sede-nos propício, atendei-nos, Senhor
Sede-nos propício, livrai-nos, Senhor
Da busca temerária do ministério, livrai-nos, Senhor
Do pecado do sacrilégio,
Do espírito de incontinência,
De desejos desonestos,
De toda ignominiosa simonia,
Do abuso dos bens da Igreja,
Do amor do mundo e das suas vaidades,
Da indigna celebração dos Vossos Mistérios,
Pelo Vosso sacerdócio eterno,
Pela Vossa santa unção, pela qual o Pai Vos constituiu como Sumo Sacerdote,
Pelo Vosso espírito sacerdotal,
Por aquele ministério pelo qual glorificastes na terra a Deus Pai,
Pela cruenta imolação do Vosso corpo na cruz, realizada de uma vez para sempre,
Por aquele mesmo Sacrifício que se renova cada dia no altar,
Por aquele poder divino, que exerceis de maneira invisível por meio dos sacerdotes,
Para que Vos digneis conservar na santidade toda a Ordem Sacerdotal, Nós Vos rogamos, Senhor, ouvi-nos
Para que concedas ao teu povo pastores segundo o Vosso coração,
Para que os enchas de espírito sacerdotal,
Para que os lábios dos sacerdotes guardem a Vossa sabedoria,
Para que envieis operários para a Vossa messe,
Para que aumenteis o número de fiéis dispensadores dos Vossos mistérios,
Para que lhes façais perseverantes no ministério que lhes haveis confiado,
Para que lhes concedeis paciência no ministério, eficácia na ação e perseverança na oração,
Para que, por seu intermédio, se promova em toda a parte o culto do Santíssimo Sacramento,
Para que recebais no gozo eterno os que desempenharam o ministério,
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós, Senhor.
Cristo, Sacerdote eterno, ouvi-nos.
Cristo, Sumo e eterno Sacerdote, atendei-nos.


Oremos:
Ó Deus, Vós que cuidais e santificais a Vossa Igreja, por meio do Vosso Espírito, suscitai nela dispensadores fiéis e idôneos para os Santos Mistérios, para que por seu ministério e exemplo, o povo cristão, protegido por Vós, progrida no caminho da Salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Ó Deus, que ordenastes aos Vossos discípulos, enquanto celebravam o culto e depois de terem jejuado, de separar Saulo e Barnabé para a obra a que os tinha destinado, assisti a vossa Igreja em oração, Vós que conheceis os nossos corações, e mostrai-nos aqueles que escolhestes para o ministério. Por Cristo Nosso Senhor,

R/. Amém       
                                                
"É uma prática de piedade que há muitos anos recito com grande proveito de alma". (João Paulo ll)

sábado, 15 de outubro de 2011

COM NOSSA MÃE, MARIA SANTÍSSIMA

Aprendendo com Maria


Vai à Escola de Maria
e, através dos seus olhos,
contempla o Senhor Jesus,
o Filho que ela olha,
agora ressuscitado
na Glória dos altos Céus,
e cá em baixo, onde quis
sempre conosco ficar,
na humildade do Pão
que quer ser, em cada Altar.

Vai à escola de Maria
e, através dos seus olhos,
onde o Sol se faz mais próximo
e mais doce o Seu fulgor,
contempla com grande encanto
Cristo Jesus, teu Senhor.


João Paulo II

sábado, 8 de outubro de 2011

O SEGREDO DE SANTIDADE DE JOÃO PAULO II

O lema Totus Tuus, que resume toda a espiritualidade cristocêntrica e mariana de São Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716), foi o fio condutor de toda a vida do ( Beato)  João Paulo II. O santo francês e o seu grande discípulo polonês são dois exemplos luminosos da mesma santidade sacerdotal, de uma vida inteiramente vivida no amor de Jesus e aos irmãos sob a guia materna de Maria. Totus tuus! Duas palavras que são uma oração endereçada a Jesus por meio de Maria e de seu Coração Imaculado. É um ato de amor como um dom total de si.
Na vida de Karol Wojtyla, este Totus tuus transformou-se como o respiro de sua alma, o batido do seu coração a partir de 1940 quando descobriu, à idade de vinte anos, o Tratado de Montfort. Muitas vezes, João Paulo II contara tudo isso. O fez de modo especial, em 1996, por ocasião do seu 50º aniversário sacerdotal no livro Dom e mistério. Segundo o seu testemunho, foi um leigo, Jan Tyranowski – agora Servo de Deus – que o fez conhecer o Tratado de Montfort e as obras de São João da Cruz, abrindo-o a mais profunda vida espiritual, nos duríssimos anos da ocupação nazista na Polônia. O jovem Karol tinha que trabalhar como um operário em uma fábrica, descobrindo progressivamente a sua vocação ao sacerdócio.
Falando deste período, João Paulo II insistia sobre o “fio mariano” que guiou toda sua vida desde a infância, na sua família, na sua paróquia, na devoção carmelita ao escapulário e a devoção salesiana a Maria Auxiliadora. A descoberta do Tratado – recorda o próprio Papa polonês – o ajudou a dar um passo decisivo no seu caminho mariano, superando uma certa crise. “Teve um momento no qual coloquei em qualquer modo em discussão o meu culto por Maria, considerando que esse, dilatando-se excessivamente, terminava por comprometer a supremacia do culto devido a Cristo. Veio-me então de ajuda um livro de São Luís Maria Grignion de Montfort que leva o título de Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Neste encontrei a resposta às minhas perplexidades. Sim, Maria nos aproxima a Cristo, nos conduz a Ele, com a condição que se viva o seu mistério em Cristo (...). O autor é um teólogo de classe. O seu pensamento mariológico é enraizado no mistério trinitário e na verdade da Encarnação do Verbo (...). Eis explicada a proveniência do Totus tuus. A expressão provém de São Luís de Montfort. É a abreviação da forma mais completa de abandono à Mãe de Deus que soa assim: Totus tuus ego sum et omnia mea tua sunt. Accipio te in mea omnia. Praebe mihi cor tuum, Maria" (Dom e mistério, pp. 38-39). 
Estas palavras em latim, continuamente rezadas e reescritas por Karol Wojtyla nas primeiras páginas de seus manuscritos, se encontram no fim do Tratado de Montfort, quando o santo invita o fiel a viver a Comunhão Eucarística com Maria e em Maria. É necessário também sublinhar que este Totus tuus transforma-se para sempre, de 1940 a 2005, como a linha diretiva de toda a vida de Karol Wojtyla, como seminarista e sacerdote e depois como bispo e Papa. Quando, em 1958 é nomeado por Pio XII o bispo auxiliar de Cracóvia, escolhe já o Totus tuus como lema episcopal, junto ao brasão que simboliza Cristo redentor e Maria junto a Ele, o mesmo que conservará como Papa. E, sobretudo o viverá até o fim, nos grandes sofrimentos dos últimos meses. Depois da traqueotomia, não podendo mais falar, escreverá por fim as palavras Totus tuus. Sabemos também de pessoas mais próximas a ele que lia todo dia um trecho do Tratado.
Nos seus escritos, João Paulo II fez freqüente referência a São Luís Maria, como por exemplo, na Redemptoris Mater (n. 48). Mas, em modo particular, perto do fim de seu pontificado, nos deixou uma belíssima síntese de sua doutrina interpretada à luz do Concílio Vaticano II, na sua Carta aos religiosos e religiosas das famílias monfortinas de 8 de dezembro de 2003. É talvez o texto que mais nos ilumina para entendermos o significado teológico profundo do Totus tuus e do brasão episcopal.
A “perfeita devoção a Maria” ensinada por São Luís consiste essencialmente na doação total de si expressada no Totus tuus, integrando todas as boas práticas de devoção, especialmente o rosário. Mas o mais profundo é a “prática interior”, vida interior, um caminho de vida espiritual profunda que deve levar à santidade. Não existe dúvida que João Paulo II tenha vivido esta espiritualidade mariana no nível mais alto da união transformante com Cristo. O pedido Praebe mihi cor tuum, o Maria foi atendido. O próprio São Luís Maria, que possui a maravilhosa experiência dessa “identificação mística com Maria” espera que a sua doutrina dará muitos frutos nos séculos sucessivos da Igreja.
Apresentando os “efeitos maravilhosos” (Tratado da Verdadeira Devoção a Maria, 213-225) desta “perfeita devoção” São Luís Maria nos mostra como a pessoa que vive plenamente o Totus tuus caminha com Maria na via da humildade evangélica, que é via de amor, de fé e de esperança. No final de sua Carta aos religiosos e religiosas das famílias monfortinas, João Paulo II sintetiza este ensinamento do Tratado sempre à luz da Lumen Gentium. A santidade à qual todos são chamados não é outra que a perfeição da caridade. Nesta vida sobre a terra, a humildade é a maior característica da caridade. “É próprio do amor rebaixar-se”, escrevia Santa Teresinha de Lisieux no início de sua História de uma alma. É o mesmo amor de Deus que em Jesus se faz pequeno e pobre do presépio até a Cruz. E é o significado profundo da “Santa Escravidão de Amor”.
O ponto final da Lumen Gentium é a contemplação de “Maria, símbolo de certa esperança e de consolação para o povo de Deus em peregrinação” (n. 68-69). Nesta luz termina também a Carta à Família Monfortina de João Paulo II, citando as últimas linhas da Lumen Gentium e resumindo a doutrina de Montfort sobre a esperança vivida com Maria, defendendo-o em particular contra a injusta acusação de “milenarismo”. E se recorda como, na antífona Salve Rainha, a Igreja chama a Mãe de Deus “Esperança nossa”.
Em todas as dificuldades da vida sacerdotal, Maria é e sempre será a âncora de esperança, uma esperança segura para o futuro da Igreja e para a salvação do mundo. Assim também Papa Bento XVI, que quis fortemente este Ano Sacerdotal, apresentou Maria no final de sua encíclica Spe salvi como a “Estrela da Esperança” (n. 49-50). 
 Fonte: L'Osservatore Romano